domingo, 16 de outubro de 2011

Opções Táticas 1


A vitória alvinegra por 2 a 0 sobre o Atlético-PR no Engenhão, apesar de alguns sustos, foi daquelas protocolares, fruto da considerável diferença técnica, tática, física e de pontos na tabela entre as equipes.
Mas a atuação tranqüila, em ritmo de treino em vários momentos da partida, foi útil também para a observação de uma variação tática a que Caio Júnior recorre com freqüência cada vez maior ao longo dos jogos.
Além da improvisação de Everton na vaga do suspenso Cortês na lateral-esquerda e do retorno de Lucas à direita no lugar de Alessandro, o treinador alvinegro promoveu a volta de Herrera na vaga de Felipe Menezes, titular no fantástico triunfo sobre o Corinthians no Pacaembu.
Com o atacante argentino, o Botafogo perde em compactação do 4-2-3-1 sem a bola, mas fica mais incisivo na frente. Além disso, ganha em movimentação do quarteto ofensivo. Não é raro ver Herrera infiltrar em diagonal e se juntar a Abreu na área adversária. Em alguns momentos até trocando de posição – como no lance em que Herrera saiu do centro e foi para a esquerda levantar a bola e Abreu, vindo da direita, fechou para cabecear duas vezes e o goleiro Renan Rocha evitar o gol do uruguaio que viria em seguida, na cobrança de pênalti sobre Antonio Carlos, que abriu o placar no primeiro tempo.
Com Elkeson naturalmente procurando o lado direito, a equipe se reconfigura em um 4-4-2, praticamente em duas linhas. Porque Marcelo Mattos e, principalmente, Renato marcam e jogam pelo centro. Qualificam a saída de bola, distribuem os passes com correção e colaboram com o volume de jogo que se impõe em casa e começa a se encontrar longe de Engenho de Dentro.
Contra o Atlético-PR, Herrera novamente foi mais atacante que meia no 4-2-3-1 alvinegro. O avante argentino cumpre função defensiva pela direita, mas também entra em diagonal e se junta a Abreu na frente, com Elkeson ocupando o setor.
Porque Caio Júnior tem em Felipe Menezes, que entrou na vaga de Herrera aos 16 do segundo tempo no Engenhão e melhorou o desempenho coletivo do Bota, uma opção para preencher mais as intermediárias e ditar o ritmo, acelerando e desacelerando o jogo. Com um meio-campo mais encorpado no mesmo sistema de jogo, é possível trabalhar outras possibilidades. Contra o Corinthians, Renato trocou de lado e foi vigiar Paulinho. Felipe Menezes ficou centralizado, bloqueou os eventuais avanços de Moradei e se juntou ao volante para acionar Elkeson e Maicosuel pelos flancos, fazendo duplas com os laterais que apoiam alternadamente.
Com um trio de meias de ofício, Loco Abreu fica mais centralizado e pode fazer trabalho interessante, confundindo a marcação. Ora se posicionando em “falso impedimento” – movimento muito bem descrito e analisado por Eduardo Cecconi no blog Tabuleiro (leia AQUI) -, ora recuando ou abrindo bem pelo lado, atraindo a atenção dos zagueiros e deixando espaços para as entradas em diagonal de Elkeson e Maicosuel. Em qualquer esquema, o uruguaio agora não se limita a ser o jogador a receber a ligação direta para escorar ou dominar sozinho contra os zagueiros à espera dos companheiros. E todo o time cresce.
Com Herrera ou Felipe Menezes, o Botafogo parece pronto para desafiar prognósticos e o pessimismo histórico do típico torcedor do clube. Com menos pontos perdidos no Brasileirão, é o time com mais possibilidades em um campeonato equilibrado e imprevisível. A partir do jogo com o Santos na Vila Belmiro que pode alçar a Estrela Solitária ao topo da tabela.
No triunfo sobre o Corinthians, Felipe Menezes centralizou a articulação e Abreu ora aprofundou o posicionamento, ora abriu espaços para as infiltrações em diagonal de Elkeson e Maicosuel.

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